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A Descoberta de Sophie Barton

“27 de Julho de 1919, o primeiro presidente da Finlândia é eleito. No mesmo dia é executado Grigoriev, o rebelde Ucraniano líder do ‘Exército Verde’. Uma hora depois, no sul da França, nasce uma garotinha. A pequena Sophie Barton, que com seus 3,370 kg, sai aos berros da barriga da mãe. Sophie não sabe, mas em poucos minutos sua mãe irá morrer. E ela será criada pela avó em uma pequena casa ao lado de uma pequena aldeia, com alguns poucos habitantes, entre eles seu futuro pequeno marido.

Ela crescerá forte e saudável, calada e muito curiosa. Seus cabelos serão de um liso seboso, e como costume de sua avó, passará a usá-los sempre muito bem trançados e presos no topo da cabeça. Para muitos, Sophie será uma menina sem graça e sem encantos, mas para outros será muito mais do que isso. Pierre, o mineiro que por ela irá se apaixonar e a levará ao altar, é um deles.

Passará a morar com Pierre, em sua casa.

Insatisfeita com a situação, não fará questão de agradar o marido. Mas a curiosidade acabará fazendo com que engravide não uma, mas quatro vezes. Irá, então, aceitar sua vida exatamente como será.

Fará todos os dias a mesma coisa: acordará, arrumará o café da manhã para a família logo muito cedo, acordará seus filhos um a um com um beijo atrás da orelha, limpará a casa, limpará as crianças, preparará o almoço, almoçará, arrumará a casa novamente, lerá, preparará a janta, jantará e irá para a cama. Às vezes irá dormir cedo, às vezes não. E ás vezes, também, não irá dormir.

Mas um dia sua rotiná mudará.

O dia em que seu filho Philipp a fará derramar todos os ingredientes da sopa, já prontos para irem para a panela, no chão. E que ela, raivosa, irá colocar na panela sem lavar.

Na hora da janta, Sophie colocará sopa no prato de cada de seus quatro filhos e do marido. E sentará no lugar de sempre sem ter coragem de comer. Nessa noite, Sophie prestará atenção em como a casa fica silenciosa na hora da janta, em como as crianças ficavam distraídas com a comida e em como o marido se concentrava em seu prato sem reclamar de nada.

Passará mais tempo observando do que comendo. E mais tempo cozinhando do que limpando. Se interessará mais sobre os ingredientes e aprenderá sobre os temperos. Passará horas em sua cozinha testando e experimentando. Virará uma cientista da comida. Fará pratos elaborados e combinações de temperos e ingredientes que transformarão sua pequena aldeia.

Pouco antes de morrer escreverá suas receitas em um caderno, que será achado por três irmãs, suas bisnetas, as quais nunca chegará a conhecer, mas que a conhecerão melhor do que ninguém."